Descoberta de oxigênio e neônio pode levantar dúvidas sobre teoria do Big Bang


Por Gustavo Costa 

Entusiasmado. Assim estava o cientista cristão Adauto Lourenço, falecido nessa quinta-feira (18), no último vídeo postado por ele na internet, há 1 mês. O físico e teólogo fez uma análise das últimas descobertas do telescópio James Webb, lançado em dezembro de 2021.

Durante o vídeo, Adauto abordou questões que colocam em xeque o Big Bang, que descreve a origem do universo a partir da expansão violenta de uma partícula muito densa e quente, que teve início há bilhões de anos e nunca parou. Ao mesmo tempo, o cientista dá força à teoria Criacionista.

O professor lembrou que o Webb é um projeto que levou 20 anos, desde o início da concepção da ideia até a finalização, e foi criado para observar o universo em seu estado inicial. “Como ele tem uma capacidade de uma visão muito clara e muito longe, é a ferramenta ideal para podermos estudar e ver como o universo teria sido logo no início. Nós já tínhamos outros, como o t elescópio Hubble, que nos deu uma capacidade impressionante de ver coisas espetaculares a respeito do início do universo. Mas o James Webb, para mim, é muito especial”, falou ele.

A partir das fotografias tiradas pelo Webb, Lourenço disse que os defensores da teoria do Big Bang estão em situação complicada. “Até o presente momento, dos que foram olhados e têm saído aqui nas publicações científicas, nós temos três elementos. O primeiro que é óbvio, e que a gente imaginava encontrar mesmo, foi hidrogênio. Em termos de um posicionamento, é algo que é esperado, tanto na teoria do Big Bang, quanto na teoria Criacionista, que defende um universo completo, complexo, prontinho, perfeitamente funcional”, disse.

Rasteira no Big Bang: “não é religião, são fatos”


Mas os dois outros elementos, o professor sorri, são particularmente curiosos e têm chamado a atenção dos estudiosos. “A coisa fica um pouquinho mais interessante, porque até o presente momento, dois outros elementos químicos foram detectados bem claros: um é o oxigênio e o outro é o neônio. Os outros picos que estão lá já deveriam ter sido avaliados, mas até agora o pessoal está bem calmo, está quietinho, ninguém está falando nada a respeito disso”, falou.

O oxigênio, Lourenço destacou, faz parte de um ciclo que as estrelas trabalham produzindo, que é o que a gente chama de ciclo CNO: carbono, nitrogênio e oxigênio. “As estrelas bebês, aquelas que acabaram de se formar, produzem esses elementos químicos? Não, só as estrelas maduras produzem isso, assim como o elemento químico neônio. O telescópio espacial James Webb tem mostrado é que no mínimo, no início, os sistemas já eram maduros. Parece que deu uma rasteira no Big Bang”, destacou.

Para o professor, será um pouco difícil os teóricos do Big Bang recuperarem terreno após essas descobertas. “Eu imagino que vai dar um pouquinho de dor de cabeça para o pessoal explicar como, logo no início do universo, as estrelas dessas galáxias já possuíam oxigênio numa quantidade altíssima. A minha proposta é que o universo foi trazido à existência completo, complexo, perfeitamente funcional, ou seja, você já deveria encontrar elementos químicos metálicos logo no início do universo”.

São duas propostas bem diferentes, ele se apressa em dizer, e não deve ser confundido em palpites baseados em crenças religiosas. “Tem muitos outros cientistas que também apoiam essa ideia de que o universo já foi criado pronto, completo, complexo e perfeitamente funcional. As pessoas falam: isso aí é religião. Isso não é religião. É algo muito importante. Lembrem-se de que nós não estamos discutindo aqui quem teria criado, a ciência não tem condição de fazer isso. Ela simplesmente pode dizer se foi criado ou se teria surgido espontaneamente”, apontou.

Para o professor, esse é o papel da ciência e termina aí, não cabendo a ela especular se Deus existe. “A ciência nem consegue fazer isso. Então, é bem importante nós entendermos a ciência. Não tem absolutamente nada de religião nisso. Nada. Nós não estamos reivindicando Gênesis capítulo 1”.

Adauto esclarece, entretanto, que a ideia não é sentenciar se algo está certo ou não, apenas apimentar o debate e gerar desdobramentos e, quem sabe, outras teorias. “Se nós descobrirmos que a teoria está errada, qual o problema? Nenhum! Isso é ciência, ciência existe para isto: a gente chega lá e fala aí, tá errada a teoria, ótimo, o que a gente faz? Produz uma nova. Como eu disse, nós temos informação, dados de qualidade em nossas mãos. O James Webb tem produzido isso. E, rapaz, não podia ser melhor. Não podia ser melhor”, finalizou.

Confira na íntegra o último vídeo gravado pelo professor Adauto Lourenço, falecido nesta quinta-feira (18).:

Por Comunhão.